Cérebro
eletrônico
Texto
Bárbara Stefanelli Design Denise Saito
Robótica
já não é mais exclusividade das linhas de montagem das fábricas e
cada vez mais os avanços da computação cognitiva fazem com
que os autômatos tomem suas próprias decisões. Essas novas
máquinas ampliam o conhecimento humano, mas ao mesmo tempo tornam
desleal a competição no mercado de trabalho. Em um mundo em que
cada vez mais os androides ganham vida própria, como fazer para
tornar esses mecanismos aliados dos humanos?
E
se este TAB fosse escrito por um robô? Softwares cada vez mais
avançados estão produzindo notícias para publicações como
"Los Angeles Times" e "Forbes". No caso do jornal
californiano, três minutos após um terremoto a notícia sobre o
abalo já estava no ar, revelando onde, quando e de qual magnitude
havia sido o tremor. Ao final, a reportagem trazia sua fonte: "A
informação é do Serviço de Notificação de Terremotos do
Instituto de Pesquisas Geológicas dos EUA e este post foi criado por
um algoritmo".
Esses
textos ainda não passam de boletins que elencam dados sobre a bolsa
de valores ou trazem o resultado de algum jogo, mas do jeito
que caminham os avanços da chamada computação cognitiva, será
possível a publicação, em breve, de extensas reportagens escritas
por algoritmos. As novas máquinas aprendem sozinhas, são
capazes de tomar decisões e estão invadindo ambientes nunca antes
pensados para um robô, como a redação de um jornal. Já existem
softwares que até escrevem poemas, histórias de ficção e criam
músicas, provando que a mecanização não é mais exclusividade das
linhas de montagem, habitualmente tomadas por trabalhos manuais e
repetitivos. O software de inteligência artificial da empresa de
Steve Jobs tem respostas e função programadas, diferentemente do
Watson, computador cognitivo da IBM, que aprende de forma autônoma
e, em 2016, irá interagir com os clientes que ligarem para o serviço
de atendimento telefônico do banco Bradesco, por exemplo. Watson
também já trabalha como médico e advogado.
Mais
que um repositório de informação, ele começou a ser programado em
2006 e foi apresentado ao mundo em 2011, durante o "Jeopardy",
popular programa de perguntas e respostas da TV americana. Para a
ocasião, o supercomputador leu todo o conteúdo da Wikipédia e
venceu dois antigos recordistas da atração, Ken Jennings e Brad
Rutter. "Não tinha como cadastrar todas as questões possíveis
de serem perguntadas no 'Jeopardy'. Então ele tinha que ser capaz de
aprender sozinho e responder a qualquer pergunta que fosse feita",
conta Fabio Scopeta, gerente do Laboratório de Software da IBM
Brasil.
Complexos
algoritmos e mecanismos à parte, o executivo explica que o sistema
tem três características básicas: entender a linguagem
natural, seja qual ela for; aprender de forma supervisionada ou
autônoma e, finalmente, gerar hipóteses e relações. Ou seja,
pensar. "Tem um humano indo lá e falando para ele o que é
verdade sobre um tema, ingerindo informações, fazendo upload de
livros, de pesquisas. Mas ele também aprende sozinho, por
experiência", diz Scopeta. O Watson fica mais confiante quando
recebe um feedback positivo do usuário, mas perde o rebolado quando
alguém fala que a resposta que ele encontrou não foi boa.
Essas
máquinas aprendem segundo regras muito próximas das que uma pessoa
é submetida, conforme explica Alexandre Simões, professor de
robótica e inteligência artificial da Unesp (Universidade Estadual
Paulista). "Um ser humano aprende por reforço. Então se uma
criança coloca a mão no fogo e sente dor, provavelmente não fará
isso de novo. Mas se ela fez uma coisa boa e ganha um pirulito,
repetirá a ação", afirma. Da mesma forma, uma máquina vai
descobrindo o que é bom e ruim e, com o tempo, se aperfeiçoando.
Os
frutos desses últimos avanços tecnológicos estão apenas começando
a ser colhidos e a lista de benefícios é extensa. Mas como
alerta Simões, "essas máquinas podem aprender a fazer coisas
melhores do que nós e de formas diferentes, o que acaba gerando um
impacto social e econômico". O desafio agora é definir a
função dos humanos e dos robôs e administrar essa transição
tecnológica, pois o último a sair nem precisará apagar a luz - já
estará programada para desligar sozinha.
Robô ou escritor?
Você
consegue diferenciar um texto feito por um humano daquele criado por
um algoritmo?
Faça
o teste a que você pode acessar através do link:
http://tab.uol.com.br/robos/.
Disponível
em: http://tab.uol.com.br/robos/
acesso
em: 07 de março de 2016. Adaptado por Ronaldo Guimarães Costa
Acesse
o link para ver a reportagem completa.
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